Ciência, clima e políticas públicas se conectam na Amazônia Ocidental durante o I Simpósio Conexão Rondon

Evento em Porto Velho discute inovação científica, mudanças climáticas e políticas informadas por evidências, com destaque para o papel da Fiocruz Rondônia e do novo Centro de Clima e Saúde do estado. Começou nesta segunda-feira (20) o I Simpósio de Integração de Pesquisa e Conhecimento de Excelência da Amazônia Ocidental (I Sim Conexão Rondon), reunindo especialistas, gestores públicos e pesquisadores em Porto Velho (RO) para debater ciência, inovação e sustentabilidade em um contexto marcado pelos desafios climáticos e socioambientais da região. O evento, que segue até o dia 24 de outubro, ocorre em formato híbrido, com atividades presenciais e transmissão ao vivo pelo YouTube do INCT-Conexão. O simpósio é uma iniciativa do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT-Conexão), com apoio da Fiocruz Rondônia, Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Faculdade São Lucas, Instituto Estadual de Educação em Saúde Pública de Rondônia (Iespro) e RedesFito. O objetivo é formar e qualificar recursos humanos voltados à pesquisa e inovação científica nas áreas de Biodiversidade, Biotecnologia, Bioclimatologia, Toxicologia, Políticas Informadas por Evidências e Gestão de Projetos, promovendo uma integração entre ensino, pesquisa e comunicação científica. Entre os temas discutidos, estão Ciência e Inovação na Amazônia, Saúde Única — conceito que integra a saúde humana, animal e ambiental —, Políticas Públicas para o Desenvolvimento Sustentável e os impactos regionais das mudanças climáticas. No primeiro dia do evento, a mesa “A Mudança Climática e Saúde: o papel do Centro de Clima e Saúde de Rondônia (CCSRO)” destacou a atuação da Fiocruz Rondônia na consolidação de uma rede científica voltada ao enfrentamento dos efeitos das mudanças climáticas sobre a saúde na Amazônia. Participaram da mesa Guilherme Franco Netto, da Coordenação de Saúde e Ambiente da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS/Fiocruz), e Jansen Fernandes, pesquisador da Fiocruz Rondônia. A criação do CCSRO reforça o compromisso da instituição com a Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 (EFA 2030), que busca alinhar a pesquisa científica brasileira aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. O centro atua no eixo “Saúde e Clima”, integrando esforços de monitoramento, capacitação e inovação tecnológica voltados ao enfrentamento de emergências sanitárias e ambientais na região amazônica — um tema que também será destaque nas discussões da COP30, prevista para 2025 em Belém (PA). Ao promover a articulação entre ciência, políticas públicas e sociedade, o Simpósio Conexão Rondon coloca a Amazônia no centro das discussões globais sobre sustentabilidade e equidade. A programação inclui mesas-redondas, oficinas, apresentações de trabalhos científicos e palestras, culminando na I Mostra Amo Ciência PVH, II SIM Amo Ciência e V Circuito Científico na Escola Estadual de Ensino Médio em Tempo Integral, que encerram o evento no dia 24. 📍 ServiçoEvento: I Simpósio de Integração de Pesquisa e Conhecimento de Excelência da Amazônia Ocidental (I Sim Conexão Rondon)Local: Centro Universitário São Lucas – Campus 2, Auditório, Rua João Goulart 666, Porto Velho (RO)Data: 20 a 24 de outubro de 2025YouTube: https://www.youtube.com/live/geS0CXrOz7Q?si=KJ4g6jpJFLNeXSSI Inscrições e programação completa no site do Campus Virtual:https://cursosqualificacao.campusvirtual.fiocruz.br/hotsite/node-30225-submission-11664/11260

O oceano é o toalete de carbono da Terra. E já começa a entupir

Estudo publicado recentemente na revista Nature Communications, constatou que o aumento da temperatura da água nos oceanos diminui o tamanho e o peso das fezes do zooplâncton. Desta forma, estas não afundam como antes.  O carbono fica  na superfície e novamente é devolvido à atmosfera, em vez de ser depositado no fundo do mar. O “toalete do carbono” é aqui uma boa metáfora. Serve para imaginarmos o processo pelo qual organismos microscópicos removem carbono da atmosfera e o remetem para as profundezas do oceano por meio de suas fezes (pelotas fecais). Conclusão:  a natureza não consegue mais se recuperar do desequilíbrio provocado pelas emissões humanas. Por milhões de anos, os oceanos foram o “sistema de esgoto” de carbono da Terra.  Microrganismos minúsculos (fitoplâncton e zooplâncton) absorvem dióxido de carbono (CO₂) da atmosfera, convertem-no em matéria orgânica e, de fato, o mandam para o fundo do mar, em pequenas pelotas fecais.  É um dos sistemas que torna o planeta respirável. Mas uma nova investigação revela que esse sistema de “encanamento biológico” enfrenta sérios problemas. Pesquisadores que investigaram o Pacífico norte, ao largo do Alasca, descobriram duas ondas de calor oceânicas (entre 2013 e 2015 e, mais uma vez, em 2019 e 2020) que mudaram profundamente o funcionamento dessa “bomba biológica de carbono”, o tal toalete. Os dados foram reunidos por flutuadores Argo biogeoquímicos, que são robôs subaquáticos dotados de sensores para medir pH, oxigênio, nutrientes e clorofila. Esta “bomba biológica” é um dos principais processos naturais de redução das mudanças climáticas.  Se ele deixa de ser eficiente, o mundo perde uma das saídas para o excesso de CO₂. O mar, que sempre “ajudou” a conter o aquecimento, pode começar a devolver carbono em vez de retê-lo. Os pesquisadores advertem para o fato de que os modelos climáticos contemporâneos podem estar superestimando a capacidade de absorção de carbono dos oceanos: um erro que pode ser muito sério diante da crescente liberação de emissões por parte dos seres humanos. A se confirmar essa tendência, o mar pode passar de aliado a cúmplice do aquecimento global, devolvendo carbono à atmosfera em lugar de retê-lo. Para os autores do artigo, compreender e incorporar essas alterações nos modelos climáticos é fundamental para  preservar o papel regulador dos oceanos no sistema climático. Fonte: Com informações de matéria intitulada The ocean is a carbon toilet. Marine heat waves are clogging it , publicada em Grist, em 6 de outubro de 2025.

Cães e gatos expostos à poluição revelam o custo invisível da crise ambiental

Em um mundo cada vez mais poluído, cães, gatos e outros animais domésticos podem funcionar como sentinelas ambientais, ou, melhor dizendo, indicadores precoces de contaminação e risco à saúde humana. É o que revela matéria publicada nesta quinzena no The New York Times. Como mudanças climáticas e queimadas agravam riscos respiratórios para todas as espécies, a saúde dos animais serve como barômetro que reflete e antecipa a dos humanos. Em última análise, a melhor compreensão de como a poluição afeta pets pode gerar melhores informações para aprimorar a saúde animal e humana. Tome-se o caso de East Palestine, pequena cidade no estado do Ohio, quase na divisa com o estado da Pensilvania. Lá, em fevereiro de 2023,  um trem de carga transportando produtos químicos tóxicos descarrilou, despejando no solo, água e atmosfera, conteúdo tóxico que suscitou verdadeira catástrofe ambiental e de saúde pública. Agora, um grupo de cientistas começa a investigar uma categoria peculiar de moradores da localidade e seus arredores: os cães.  Para tanto, solicitaram a seus tutores que afixassem em suas coleiras etiquetas de silicone com absorção química. Os primeiros resultados, ainda inéditos, revelam que os cães que viviam mais próximos do local do acidente estiveram expostos a níveis surpreendentemente altos de certos produtos químicos. Agora, os pesquisadores investigam amostras de sangue dos pets para verificar se os produtos químicos teriam deflagrado alterações genéticas associadas ao câncer naqueles animais. “É isso que deveríamos fazer após qualquer um desses desastres”, afirmou Elinor Karlsson, geneticista da Faculdade de Medicina da UMass Chan e do Instituto Broad, que lidera a pesquisa. “Os animais de estimação que vivem em nossas casas estão sendo expostos às mesmas coisas às quais seremos expostos.” Audrey Ruple, epidemiologista veterinária da Virginia Tech, comparou estes animais a canários na mina, com a diferença que os canários eram sacrificados. A comparação é oportuna. Os canários eram usados na mineração como detectores de gases tóxicos, como o monóxido de carbono, na medida em que eram muito mais sensíveis a esses gases do que os seres humanos. Se o canário começasse a cantar, ficasse quieto, adoecesse ou morresse, os mineiros sabiam que havia perigo no ar e que precisavam abandonar rapidamente a mina. Em 2014, em Flint, Michigan, um caso de vazamento de chumbo para a água potável ganhou as páginas dos jornais. Na ocasião, o sinal de alerta sobre o risco para os animais fez se logo notar. Afinal, animais de estimação são altamente dependentes de água de torneira. Na ocasião, John Buchweitz, toxicologista veterinário da Universidade Estadual de Michigan, montou clínicas de triagem para monitoramento de chumbo em cães e os resultados alarmantes logo se fizeram notar.Três pastores australianos vivendo na mesma casa começaram a perder peso e se comportar de forma estranha, além de apresentar níveis elevados de chumbo no sangue. O dr. Buchweitz tinha razões de sobra para se preocupar, pois sabia que na mesma residência moravam crianças pequenas. Ele entrou pessoalmente em contato com as autoridades locais, alertando para o problema que depois se verificou : a casa continha chumbo suficiente para representar um perigo claro tanto para pessoas quanto para animais. No final de setembro, Stephen Jarvis (e colaboradores) publicou um artigo nos Anais da Academia Nacional de Ciências (PNAS), relatando experiência pessoal que teve em 2020, na Califórnia, no auge da temporada de incêndios florestais. quando fora acometido por dores de cabeça, irritação nos olhos, falta de ar e dores no peito. Sintomas concomitantes no gato asmático de seu parceiro, Manolo, não escaparam de sua atenção. “Nos dias em que a qualidade do ar piorava, seus sintomas pioravam e ele tinha dificuldade para respirar”, afirma Jarvis. Jarvis e seus colegas se debruçaram sobre cinco anos de dados veterinários de toda a Grã-Bretanha e sobre os níveis das partículas finas no ar, um dos principais poluentes presentes na fumaça de incêndios florestais e um conhecido risco à saúde humana. Os cientistas constaram uma razão direta entre aumento da poluição atmosférica e de consultas veterinárias de cães e gatos. Os autores concluíram que se o país mantivesse a poluição do ar abaixo dos níveis recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), seria possível evitar entre 80 mil e 290 mil consultas veterinárias por ano, resultando em economia substancial para os tutores de pets. Para Olivia Sanderfoot, ecologista da Universidade Cornell que estuda os efeitos da fumaça em animais selvagens,  “quando pensamos em como nos proteger do ar nocivo, também devemos pensar em nossos animais de estimação e na vida selvagem”. Tosse e falta de ar são alguns dos inúmeros problemas respiratórios em animais causados pela inalação de fumaça. Cães podem ser acometidos por infecções oculares e estresse celular devido à fumaça de incêndios florestais, enquanto gatos podem apresentar coágulos sanguíneos e sofrer problemas cardíacos. Estudos longitudinais sobre o problema já se fazem notar. Dezenas de milhares de donos de cães americanos inscreveram seus pets no Darwin’s Dogs e em iniciativas semelhantes, incluindo o Dog Aging Project e o Golden Retriever Lifetime Study. O Darwin’s Dogs é um grande projeto científico comunitário que busca identificar fatores genéticos e ambientais que contribuem para a saúde e o comportamento canino. Já o Dog Aging Project e o Golden Retriever Lifetime Study coletam, entre outros dados,  informações sobre a exposição diária de alguns desses cães a produtos químicos, a partir da medição dos níveis de herbicidas em sua urina, coletadas através de etiquetas de silicone enviadas pelo correio que absorvem produtos químicos. Pede-se também aos donos destes animais que enviem amostras da água potável de seus cães . Diante de tudo isso podemos concluir que os animais estão nos avisando. Mas será que estamos ouvindo? Com informações da matéria intitulada In a toxic world, pets could be vital health watchdogs, publicada no The New York Times, em 7 de outubro de 2025.

Povos originários usam fogo para curar a terra

Dois repórteres do jornal The Washington Post, Daniel Wolfe e Alice Li, tiveram a oportunidade de testemunhar, em junho, na Fazenda Tishaniik, de propriedade da tribo Karuk, em Orleans, Califórnia, uma prática milenar, conduzida por seus líderes tribais e comunitários: a queima cultural, definida como o uso proposital do fogo por povos originários para diversos fins. Agora, mais precisamente no dia 14 de outubro, a matéria foi publicada naquele veículo.  Praticada tanto como estratégia de proteção ambiental, como cerimônia com a terra ou visando a produção tradicional de alimentos e artesanato, a queima cultural voltou a ser permitida em janeiro na Califórnia, a partir da promulgação de uma lei que autoriza tribos nativas americanas, reconhecidas como tais pelo governo federal, a realizarem queimas culturais, em um inequívoco reconhecimento de sua soberania e ligação histórica com a terra. O novo dispositivo legal permite que tribos ateiem fogo com supervisão federal mais branda e reconhece a prática como um modo de tornar aquele estado mais resiliente a incêndios florestais. Remontava ao século 19 a legislação californiana que reprimia queimas. Em 1850, uma lei autorizava multar ou punir quem quer que queimasse terras. Uma política total de supressão de incêndios foi determinada pela lei Weeks, de 1911, que prescrevia o controle de incêndios florestais por agências estaduais e federais, visando evitar sua propagação. Membros de povos originários foram baleados por deflagrar incêndios. Antes da colonização ocidental, segundo artigo publicado em 2024, o território aborígene Karuk, ao longo do Rio Klamath, tinha quase 7 mil  ignições por ano, o que representa a média de 19 ignições diárias, em uma área 3,5 vezes mais extensa que a cidade de Nova Iorque. Estima-se que na época cada representante de povos originários provocava de dois a 12 incêndios anuais. A reportagem especial detalha com riqueza de detalhes narrativos e visuais a prática ancestral e esclarece a distinção entre uma queima cultural e um fogo controlado. “Uma queima é diferente de um fogo controlado, que o Serviço Florestal dos EUA utiliza para proteção contra grandes incêndios florestais. Enquanto a agência trabalha para reduzir a forragem disponível para um possível incêndio, as queimas lideradas por povos originários visam proteger seu modo de vida”. Estudo conduzido por Gavin Jones e citado na reportagem revela que, a prosseguirem as práticas de exclusão de incêndios convencionais e de matriz ocidental, na Serra Nevada, estima-se que há uma chance de 64% de perda total da floresta nos próximos 50 anos. Até o final do século a perda seria quase total. Já com o desbaste mecânico e as queimas culturais para restauração florestal, esta cifra cai para um dígito. A matéria dá conta da existência de um Conselho de Gestão Cultural do Fogo (CFMC), que, atuando na Reserva Yurok vizinha e em suas terras ancestrais, e contando com 23 funcionários, realiza queimas controladas desde 2012. Nesta ocasião  queimaram sete acres, com o apoio do Departamento de Silvicultura e Proteção contra Incêndios da Califórnia e o Conselho Tribal Yurok. Já no ano seguinte, queimaram 67 acres. Outro dado curioso é que o artesanato local depende das queimas culturais para existir. É que a avelã-da-califórnia, um arbusto empregado na tecelagem de cestos pelas tribos Yurok, gera ramos retos, quando queimado. É importante lembrar que os ocidentais já utilizam a “queima prescrita” como estratégia de manejo florestal com a finalidade de reduzir a carga de material combustível e prevenir incêndios que fogem ao controle. Nesta técnica, o fogo é empregado como instrumento de manejo. Já a queima cultural, praticada pelos povos originários, tem sua origem em práticas tradicionais e espirituais e visam manter relações culturais, espirituais e ecológicas com a paisagem, bem como promover a produção de alimentos, a biodiversidade e o equilíbrio territorial. Como era de se esperar, a matéria revela preocupações da comunidade quanto à continuidade da prática sob o governo Trump, que tem pressionado pela supressão imediata dos incêndios, o que coloca em risco tal prática milenar. E então? O que o mundo pode aprender com quem sempre viveu em equilíbrio com o fogo? Com informações da matéria intitulada Painting with fire: How indigenous practices can help protect forests, publicada no The Washington Post, em 7 de outubro de 2025.

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Por Carlos Gustavo Trindade – EFA 2030Publicado em 02/10/2025 Colaboratório de Ciência e Tecnologia Aposta Em Redes Comunitárias Para Integrar Agenda 2030 e Saúde No DF Brasília – Ferramentas digitais e tecnologias sociais vêm ganhando espaço em comunidades do Distrito Federal, atuando como instrumentos de transformação social e integração de políticas públicas. A iniciativa é coordenada pelo Grupo de Ciência, Tecnologia e Inovação para Gestão e Governança Territorial, criado em 2023 pelo governo local, e conta com a participação de instituições como a Fiocruz Brasília, a Universidade de Brasília (UnB) e a Federação Nacional dos Assistentes Sociais (Fenas). Entre os destaques está a atuação do pesquisador sênior da Fiocruz Brasília, Wagner Martins, que também coordena o Colaboratório de Ciência, Tecnologia, Inovação e Sociedade. Martins é um dos responsáveis por articular a iniciativa ao contexto da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 (EFA 2030), política institucional que orienta a inserção da Fundação nos debates globais de desenvolvimento sustentável. Agenda 2030 e saúde nos territórios A proposta do grupo está diretamente ligada ao cumprimento da Agenda 2030 da ONU, que estabelece metas de desenvolvimento sustentável em dimensões sociais, econômicas e ambientais. Ao integrar dados, ensino, pesquisa e ação comunitária, as iniciativas se conectam a objetivos como redução das desigualdades (ODS 10), saúde e bem-estar (ODS 3) e cidades sustentáveis (ODS 11). Martins explica que o modelo funciona como um “laboratório sem paredes”, em que instituições e comunidades se unem para ativar redes sociotécnicas. “Nós passamos a ter o papel de promover a integração de políticas públicas e usar a aplicação de projetos nos territórios como elementos estruturantes dessas interações”, afirma. Inteligência cooperativa e clima A chamada Inteligência Cooperativa – plataforma desenvolvida com apoio da Fiocruz – conecta diferentes atores para transformar dados em conhecimento. A coleta e análise de dados têm papel central no projeto. Ferramentas digitais e inteligência artificial ajudam a sistematizar informações vindas de redes sociais, notícias e relatos locais.  “É uma fotografia que a comunidade pode passar sobre uma situação, e a inteligência artificial ajuda a transformar isso em conhecimento”, explicou Martins. A metodologia já vem sendo aplicada em comunidades como Pôr do Sol e Sol Nascente, por meio do projeto Radar de Territórios, que utiliza oficinas de prospecção com base nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O trabalho também se relaciona à Estratégia Clima e Saúde da Fiocruz, lançada no âmbito da EFA 2030, em 2024. A iniciativa busca enfrentar os impactos da crise climática sobre a saúde pública, sobretudo em áreas vulneráveis, com soluções integradas que envolvem ciência, inovação e participação comunitária. “Chega-se à ideia do trabalho no enfrentamento da crise ambiental e climática. Esses elementos se incorporam à abordagem para uma saúde mais ampla, uma só saúde, envolvendo vários setores na discussão sobre as condições de vida”, disse Martins. Vale ressaltar que entre ontem (2) até o próximo dia 10 de outubro, os pesquisadores da Fiocruz estarão em Santa Marta, na Colômbia, para dialogar com representantes da sociedade sobre planejamento territorial e com a Universidade de Magdalena (UniMagdalena). Na pauta, a possibilidade de implementação de um CoLaboratório em parceria com a instituição. A equipe da Fiocruz será composta pelo vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, Valcler Rangel; pela diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio; e pelos pesquisadores do CoLaboratório, Wagner Martins, Edward Maia, Isabel Miranda e Alba Mendes. Durante a missão, o grupo realizará visita técnica ao território e reuniões com representantes da universidade e da rede sociotécnica da Localidad 1, com o objetivo de desenvolver atividades voltadas ao planejamento estratégico e à definição dos próximos passos da cooperação. Da horta comunitária à transformação digital Além da coleta de dados com inteligência artificial, que permite identificar padrões em redes sociais, filmes e notícias, o grupo investe em soluções concretas: hortas comunitárias, cozinhas solidárias e iniciativas de economia local. As ações são pensadas para fortalecer a saúde, a soberania alimentar e a resiliência comunitária. Para a Fiocruz, experiências como essa reforçam a importância de integrar políticas públicas, ciência e participação social. Elas também evidenciam como a saúde e o clima são dimensões inseparáveis no debate sobre desenvolvimento sustentável.

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Por Isys Bueno e Vinicius Ameixa – EFA 2030Publicado em 02/10/2025 Relatório Luz aponta retrocessos nos ODS e alerta para riscos de estagnação da Agenda 2030 no Brasil O lançamento da 9ª edição do Relatório Luz da Sociedade Civil reuniu, nesta terça-feira (30), representantes do governo federal, da sociedade civil e de instituições internacionais em Brasília. O documento, elaborado por 46 organizações, como a Fiocruz, a União Europeia e a Plan International Brasil, apresenta um diagnóstico crítico sobre a implementação da Agenda 2030 no país e alerta para retrocessos em áreas centrais como combate à fome, violência, direitos humanos e meio ambiente. A mesa de abertura foi marcada pela presença feminina. Participaram a secretária-executiva da Secretaria-Geral da Presidência, Kelli Mafort; a editora do relatório e cofundadora da Gestos, Alessandra Nilo; a senadora Teresa Leitão (PT-PE); a deputada federal Erika Kokay (PT-DF); a secretária nacional de Planejamento, Virginia de Angelis; o coordenador-geral de Desenvolvimento Sustentável, Vicente Araújo; e a assessora da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 (EFA 2030), representando a Fiocruz, Zorilda Gomes de Araújo. Entre os representantes internacionais, estiveram presentes nomes da ONU, PNUD, ONU Mulheres e UNAIDS. Avanços insuficientes De acordo com o relatório, apenas 12 das 169 metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) apresentaram avanço satisfatório no período de 2023 a 2024 — o equivalente a 7,14%. Outras 73 tiveram progresso insuficiente e 75 não avançaram, com casos de retrocesso em áreas como violência, desigualdade racial e preservação ambiental. “O Brasil vive uma ‘encruzilhada paradoxal’, em que interesses privados e bloqueios políticos travam a implementação dos ODS”, afirmou Alessandra Nilo. Desigualdade racial e de gênero A publicação reforça o impacto da violência estrutural no país. A violência policial no Brasil mata três vezes mais que em 15 países do G20 juntos, e 82,7% das vítimas são pessoas negras. Outro dado grave é o aumento de 30% na mortalidade indígena por omissão estatal. Segundo o UNAIDS, 64% dos novos casos de AIDS no Brasil afetam mulheres negras, que também recebem em média 47,5% menos que homens não negros. Para Ana Carolina Querino, da ONU Mulheres, “se nada for feito, vamos continuar reproduzindo as desigualdades e violências estruturais”. Fome, pobreza e moradia Apesar da recomposição de programas sociais como o Bolsa Família, que ajudaram a reduzir a população em extrema pobreza para 6,8% em 2024, o relatório aponta que o progresso no ODS 2 (Fome Zero) segue insuficiente. A falta de moradia também preocupa: desde 2013, houve aumento de 25% da população em situação de rua, hoje somando mais de 327 mil pessoas, das quais 80% sobrevivem com até R$ 109 por mês. Meio ambiente em alerta No campo ambiental, os números também são críticos. O Pantanal perdeu 61% de sua superfície de água em relação à média histórica, e o Brasil registrou recorde de liberação de agrotóxicos em 2024: 663 novos registros em um ano. O relatório alerta que essas políticas ameaçam diretamente a saúde da população e a biodiversidade. Credibilidade internacional O coordenador do MRE, Vicente Araújo, destacou que o Brasil tem buscado protagonismo internacional com a defesa da justiça social e a preparação para a COP30 em Belém, mas ressaltou que “a credibilidade do país depende da coerência entre discurso e prática”. A secretária do Planejamento, Virginia de Angelis, lembrou que o governo vem estruturando o planejamento plurianual até 2027 e a Estratégia Brasil 2050, em parceria com ministérios, estados e sociedade civil. Vale ressaltar que no aspecto de estudos prospectivos, a Fiocruz, por meio da EFA 2030 e da Iniciativa Brasil Saúde Amanhã, está elaborando o projeto “A Saúde no Brasil em 2050”, que visa apresentar uma série de estudos e intervenções sobre o futuro da saúde no Brasil, entre estes a série “Brasil e Mundo no contexto da crise climática” em conformidade com a Agenda 2030. Caminhos apontados O Relatório Luz conclui que o Brasil precisa enfrentar questões estruturais para retomar os avanços: desbloquear recursos para políticas públicas, combater o racismo estrutural, reverter retrocessos ambientais e alinhar o financiamento público aos ODS. “Construir para o Brasil uma nação desenvolvida e inovadora que cresce com justiça social e ambiental é o desafio que temos diante de nós”, disse Virginia de Angelis.

Fiocruz destaca saúde e Amazônia em debate sobre legado da COP30 na ONU

Por Cláudio Cordovil – EFA 2030Publicado em 24/09/2025 Evento paralelo à 80ª Assembleia Geral da ONU discute potencial legado da COP30 No painel “COP30 no Brasil e seu legado para o mundo”, realizado em modalidade virtual durante a Cúpula de Ciência na Assembleia Geral da ONU (SS-UNGA), especialistas brasileiros defenderam que a Conferência do Clima de Belém, marcada para novembro, deve romper paradigmas e integrar questões amazônicas, marinhas e do semiárido. O encontro reuniu Luiz Galvão (Fiocruz), Marinez Eymael Garcia Scherer (Universidade Federal de Santa Catarina) e Carlos Magno de Medeiros Morais (Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá), que compartilharam perspectivas do Norte, do litoral e do Semiárido brasileiro. Amazônia e saúde: um desafio global “A COP30 do Pará é o cruzamento da história, da ciência e da responsabilidade”, afirmou Luiz Galvão, pesquisador sênior da Fiocruz e assessor da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 (EFA 2030). Para ele, a realização da conferência na Amazônia marca “um momento vital para a diplomacia climática”. Galvão destacou que “a mudança climática é o maior desafio da saúde pública da nossa época”. Segundo o pesquisador, o Ministério da Saúde está no processo de desenvolvimento de um Plano de Adaptação Climática na Saúde Nacional para a COP30, que prevê o monitoramento de doenças sensíveis ao clima em todos os 27 estados, protocolos para lidar com ondas de calor extremo em hospitais e investimentos em infraestrutura de saúde com energia renovável, sobretudo em áreas vulneráveis, como o semiárido e a Bacia Amazônica. Galvão também chamou atenção para a gravidade do cenário global: “As temperaturas já estão 1,1°C acima dos níveis pré-industriais, com risco de atingir 3,2°C até 2100”, citando o IPCC. Ele lembrou que setores produtivos concentram 73% das emissões de gases e 80% das perdas de biodiversidade. Para ilustrar alternativas, mencionou Cubatão (SP), onde investimentos reduziram em 90% os níveis de dióxido de enxofre, e Curitiba (PR), que obteve queda de até 4°C em áreas urbanas com corredores verdes. O papel essencial do oceano para o Clima e a Vida “É impossível enfrentar a mudança climática sem olhar para o oceano”, afirmou Marinez Eymael Garcia Scherer, professora da UFSC. Segundo ela, “não há verde sem azul”, reforçando a conexão entre oceanos e florestas. Scherer apresentou resultados da Missão Atlântica, que mapeou pressões sobre a costa sul brasileira, como pesca, mineração marinha e exploração de petróleo e gás. “O oceano é o grande regulador climático do planeta, cobre 70% da superfície e é nosso aliado fundamental contra as mudanças climáticas”, alertou, destacando a urgência de preservação. Scherer ainda adiantou que o Plano de Ação da COP30 deve incluir objetivos específicos para conservação dos oceanos e ecossistemas costeiros, promovendo mitigação, adaptação e a “economia azul”. Semiárido como laboratório de resiliência Carlos Magno de Medeiros Morais, do Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá, trouxe a perspectiva do Semiárido. “É uma região com mais de 28 milhões de habitantes, maior que muitos países, e densamente povoada”, destacou. Ele lembrou que, nos anos 1980, apenas na Paraíba, mais de 10 mil crianças morreram antes de completar um ano de vida. Segundo Morais, o Semiárido brasileiro já enfrenta temperaturas próximas de 50°C e perdeu 40% de suas reservas de água natural em poucas décadas. Hoje, 21% da população sofre com insegurança alimentar e 30% com falta d’água. Ele ressaltou ainda a importância da Caatinga, responsável por cerca de 50% do sequestro de carbono do país entre 2015 e 2022, apesar de ocupar apenas 10% do território nacional. Encerrando sua fala, citou Patativa do Assaré: “A chuva fez o homem fraco, mas o sonho fez o homem forte”, e apelou para que o legado da COP30 seja “um mundo onde ninguém seja deixado para trás e nenhuma mesa seja vazia”. Diversidade territorial como trunfo brasileiro Os três especialistas convergiram na avaliação de que Amazônia, oceanos e semiárido devem ser tratados de forma integrada e em pé de igualdade na agenda climática. Para eles, a diversidade territorial brasileira pode ser um trunfo para o país se tornar referência científica, social e ambiental a partir da COP30. A Cúpula de Ciência, realizada anualmente pela ONU em paralelo à Assembleia Geral, busca aproximar países na formulação de soluções para desafios comuns e no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, no que concerne ao desenvolvimento e a adoção de tecnologias.

Fiocruz integra esforços do governo no ODS 18, voltado ao combate ao racismo e à desigualdade étnico-racial

Por Carlos Gustavo Trindade – EFA 2030Publicado em 23/09/2025Brasília — Nesta sexta-feira (19), foi oficialmente assinada uma portaria interministerial que estabelece metas e indicadores para o ODS 18 — Igualdade Étnico-Racial, voltado ao combate ao racismo e à discriminação contra povos indígenas e afrodescendentes. O ato ocorreu no encerramento da 5ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Conapir), com participação da Secretaria-Geral da Presidência, do Ministério da Igualdade Racial e do Ministério dos Povos Indígenas, e reuniu cerca de 1.700 delegados após 7 anos de hiato. A proposta de criação da ODS 18 partiu do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em discurso na 78ª Assembleia da ONU, em 2023, nos EUA. Ele esteve na abertura da Conapir, no dia 15. O ministro-chefe da Secretaria-Geral, Márcio Macêdo, entregou o Caderno de Resposta da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), documento que lista as demandas quilombolas e detalha ações que 20 órgãos do governo federal já desenvolvem ou estão planejando. Titulação de terras quilombolas ganha urgência A Conaq reivindica que haja prazos concretos para regularização fundiária, reconhecimento, demarcação e titularidade das terras quilombolas, propondo um período de cinco anos para conclusão desses processos. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, afirmou que embora o processo de titulação seja complexo — dividindo-se em nove etapas sob responsabilidade do Incra — há avanços, mas que será necessário “vontade política” em todos os níveis federativos para acelerar o trâmite. O que dizem os especialistas Para a socióloga Sueli Carneiro, referência em estudos sobre desigualdade racial, a institucionalização do ODS 18 “é um passo histórico, mas só será efetiva se for acompanhada de orçamento robusto e mecanismos de monitoramento com participação social real”. Ela avalia que, embora o governo tenha sinalizado avanços, o risco é que a iniciativa se limite a “ato simbólico sem impacto direto na vida das comunidades”. Já o economista Daniel Cerqueira, pesquisador do Ipea, lembra que a definição de indicadores pode ser decisiva para medir resultados. “O Brasil tem histórico de criar políticas públicas sem sistemas consistentes de avaliação. O ODS 18 pode corrigir isso, desde que haja transparência e dados confiáveis.” Para analistas de relações internacionais, o ODS 18 também projeta o Brasil como ator global na agenda de direitos humanos. “O país passa a ocupar um espaço estratégico no debate internacional ao pautar o racismo como questão de desenvolvimento sustentável”, explicou Carlos Milani, professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ. Monitoramento, pesquisa e participação Além da portaria, foi anunciado investimento de R$ 1 milhão para projetos de pesquisa que fortaleçam o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade (Sinapir). Também foi entregue o caderno de respostas Conaq, e Macêdo enfatizou que a comunidade quilombola deve acompanhar a execução das políticas, cobrar resultados e monitorar o cumprimento das determinações presidenciais relativas à igualdade racial. Indicadores e estrutura O ODS 18 já conta com metas e indicadores definidos: são 10 metas principais, 65 indicadores principais e 68 adicionais, elaborados de forma participativa, com contribuições de órgãos como IBGE, IPEA e Fiocruz, além da sociedade civil. A validação desses indicadores foi feita pela Câmara Temática ODS 18, vinculada à Comissão Nacional para os ODS (CNODS), órgão que reúne entidades do governo e da sociedade civil e da qual a Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 (EFA 2030) compõe o corpo de assessoria técnica. O que ainda está em jogo Especialistas e representantes das comunidades lembram que a assinatura da portaria é apenas o começo de uma agenda que terá de enfrentar entraves históricos e burocráticos. O desafio da titulação de terras quilombolas, por exemplo, é emblemático: há comunidades que esperam décadas por esse reconhecimento legal. Além disso, para se tornar efetiva, a nova política dependerá de: alocação orçamentária suficiente para implementar as metas; articulação federativa entre União, estados e municípios; mecanismos de transparência e participação que permitam avaliação pública dos avanços; continuidade institucional, para que mudanças não se limitem a atos simbólicos.

Rede de Defensoras e Defensores dos Territórios Tradicionais terá expansão nacional

Por Juliana Villas (OTSS/Fiocruz) Publicado em 10/09/2025 O 1º Encontro Nacional da Rede de Defensoras e Defensores dos Territórios Tradicionais reuniu lideranças tradicionais de todo o país na Ilha de Maré (Salvador), entre 30 de agosto e 5 de setembro. Criada em 2022 a partir de uma articulação do Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS), uma parceria entre a Fiocruz e o Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT) com a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, por iniciativa de sua Ouvidoria-Geral, a Rede prepara agora uma expansão nacional, com novas parcerias – com defensorias públicas e ouvidorias –, num processo contínuo de aprendizagem, ensino e troca de saberes com lideranças de povos e comunidades tradicionais (PCTs) da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Pará, Paraná e Santa Catarina, além de São Paulo e Rio de Janeiro, estados onde já atua em 7 municípios e 32 comunidades indígenas, quilombolas e caiçaras. Mais de 80 lideranças tradicionais passaram por formação para melhorar o acesso à Justiça em temas como saúde coletiva, enfrentamento ao racismo ambiental, protocolos de consulta e regularização fundiária (Foto: OTSS/Fiocruz) “Nós somos uma rede. E nada se constrói da noite para o dia. O OTTS tem 16 anos, o FCT vai fazer 20 em 2027 e a Fiocruz tem 125. Então, não estamos apenas encerrando ou festejando um processo que teve resultados. Estamos comemorando a abertura de outra possibilidade, de uma articulação grande e nacional, de um futuro maior que a gente já consegue antever”, pontua o coordenador-geral do OTSS e pesquisador da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS/Fiocruz), Edmundo Gallo. A Rede impulsiona a formação continuada, permitindo que demandas urgentes e denúncias de lideranças de PCTs sejam encaminhadas mais rapidamente. “A Rede nasceu da urgência em avançar na educação para acesso à justiça e na redução de violação de direitos dos povos e comunidades tradicionais. É uma resposta inovadora da Ouvidoria-Geral e da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, que foi abraçada pelo FCT e pelo OTSS, e logo se fortaleceu com a entrada da Ouvidoria e defensoria públicas do Estado de São Paulo e da União. Hoje as lideranças têm um canal direto com a Ouvidoria do Rio de Janeiro, o que significa resposta rápida a violações de direitos”, explica o advogado do FCT e do OTSS, André Della Nina Lopes. O modelo inovador foi reconhecido nacionalmente, ao receber o selo Prática Antirracista do Conselho Nacional de Ouvidorias das Defensorias Públicas. “Após a premiação da iniciativa, identificamos a Rede como uma ferramenta para impulsionar a formação de ouvidorias-gerais e suas equipes, bem como de defensoras e defensores públicos em temas como justiça climática, patrimônio biocultural, sociobiodiversidade e questões relacionadas aos povos e comunidades tradicionais, como a gestão costeira e marinha”, comenta a presidente do Conselho Nacional de Ouvidorias Públicas e ouvidora de Santa Catarina, Maria Aparecida Caovilla. A Rede recebeu o prêmio Defensorar na categoria Defesa do Território, entregue pela Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (DPE-RJ) em 2024. “Os resultados demonstram que a aproximação entre as comunidades e o sistema de justiça pode fortalecer a defesa dos territórios tradicionais e influenciar as políticas públicas. A Rede inova impulsionando o diálogo horizontal de saberes entre o conhecimento jurídico e o tradicional, contribuindo para a formação de defensoras e defensores públicos, bem como de ouvidores e lideranças”, celebra a coordenadora político-pedagógica da Rede, Júlia Borges. Do Quilombo da Fazenda, em Ubatuba (SP), Laura Braga ressalta a dimensão prática da experiência: “Foi por meio da Defensoria que conseguimos o reconhecimento e o título da nossa terra. A Rede nos dá respaldo e legitimidade”, afirma. O coordenador-geral do OTSS/Fiocruz e do FCT, Vagner do Nascimento, destaca o impacto político: “A formação em parceria com as defensorias e ouvidorias da União, do Rio e de São Paulo tem tido uma repercussão muito positiva nas comunidades. Isso mantém viva uma das principais bandeiras do FCT: a defesa dos territórios tradicionais”, garante. De 2022 a 2024 a Rede formou lideranças tradicionais, certificou com crachás de “parceiros das defensorias”, promoveu 320 horas de atividades formativas, consolidou canais diretos de comunicação com ouvidorias e defensorias e obteve o reconhecimento institucional que permite a expansão para outros estados. Mais de 80 lideranças tradicionais passaram por formação para melhorar o acesso à Justiça em temas como saúde coletiva, enfrentamento ao racismo ambiental, protocolos de consulta e regularização fundiária. Todos os detalhes da trajetória da Rede de Defensoras e Defensores estão organizados no relatório Defensoras e defensores dos territórios tradicionais – Impactos e resultados. O documento pode ser acessado na íntegra.

Fiocruz atua no conceito de Uma Só Saúde com população da BR-319

Por Júlio Pedrosa (Fiocruz Amazônia) Publicado em 09/09/2025 A Fiocruz, em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Instituto Evandro Chagas (IEC), está realizando um levantamento sorológico inédito ao longo de um trecho de aproximadamente 800 quilômetros da BR-319 — estrada federal que liga Manaus a Porto Velho — visando identificar a presença de anticorpos contra patógenos causadores de doenças como leptospirose, hantavirose, febre oropouche, dengue, febre mayaro e chikungunya, entre outras. A relevância do projeto está na possibilidade de subsidiar políticas públicas voltadas para a população dessas áreas, a partir do conhecimento direto sobre o estado de saúde delas. Das amostras humanas analisadas até o momento, mais de 50% das cerca de 300 pessoas testadas apresentaram resultado positivo para anticorpos IgM contra o vírus oropouche (Orov), indicando infecção recente. Equipe vai a campo para trabalho de coleta de amostras sanguíneas (Foto: Fiocruz Amazônia)   O objetivo do estudo é avaliar, no contexto do conceito One Health (Uma Só Saúde), como a degradação ambiental pode influenciar a dinâmica de circulação de vírus emergentes e reemergentes na região amazônica. A abordagem considera a saúde humana, animal e ambiental de forma integrada, buscando compreender de que maneira o modo de vida local, a interação com a floresta e as transformações ambientais impactam o risco de doenças. O Orov é um arbovírus transmitido principalmente por pequenos insetos do gênero Culicoides (maruim ou mosquito-pólvora) e, até poucos anos atrás, sua ocorrência estava majoritariamente restrita ao bioma amazônico. No entanto, após uma grande epidemia de Orov na Amazônia brasileira em 2023-2024, surtos passaram a ser registrados em diferentes estados e até em outros países da América Latina, aumentando a preocupação com seu potencial de dispersão. Por apresentar sintomas semelhantes aos de outras arboviroses, como febre, dor de cabeça e dores musculares, o Orov pode ser facilmente subdiagnosticado. O trecho em estudo inclui comunidades como Igapó Açu e Realidade, além de diversos pequenos povoados ao longo da rodovia, onde são realizadas expedições periódicas do projeto. Cada expedição dura, em média, 20 dias, tempo suficiente para coletas de sangue, entrevistas com moradores e ações de educação em saúde. Denominado Rede Pampa-BR 319, o projeto começou há três anos e, ao final, pretende apresentar um diagnóstico integrado com dados ecológicos, demográficos e clínicos. O trabalho é coordenado pelo pesquisador em Saúde Pública Pritesh Lalwani, da Fiocruz Amazônia, em parceria com os pesquisadores José Luiz Modena (Unicamp), que acompanha o trabalho no Amazonas, e Lívia Martins (IEC), que desenvolve diagnóstico semelhante na região de mineração de Carajás, no sudeste do Pará. O projeto conta com financiamento das fundações de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam), de São Paulo (Fapesp) e do Pará (Fapespa), no âmbito do edital Amazônia+10, do Conselho Nacional das Fundações de Amparo à Pesquisa (Confap). O projeto tem a colaboração da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS), Prefeitura de Humaitá, Universidade de Kentucky e Universidade de Washington. Segundo Lalwani, “o projeto surgiu de um diálogo sobre o impacto histórico da abertura de estradas no Brasil, que em vários casos esteve associado ao aumento de doenças infecciosas. Na BR-319, parte da estrada já é asfaltada, mas há longos trechos sem pavimentação. Queremos entender como as pessoas vivem na região e quais os principais desafios de saúde existentes”, resume. O pesquisador ressalta que compreender o impacto das ações humanas sobre o meio ambiente é essencial para antecipar e mitigar riscos sanitários. Embora a relação causal entre degradação ambiental e o surgimento de novas doenças infecciosas ainda esteja sendo investigada, estudos sugerem que mudanças no uso da terra, desmatamento e proximidade maior entre pessoas, animais domésticos e fauna silvestre podem estar associadas ao aumento de doenças zoonóticas. “Nosso projeto busca gerar evidências concretas para avaliar como esses fatores interagem. Alterações ambientais, como o desmatamento, podem modificar o habitat de vetores e reservatórios, criando condições que favorecem a transmissão de patógenos. Ao entender essas dinâmicas, podemos orientar medidas de prevenção mais eficazes”, explica. O diagnóstico produzido pelo projeto servirá como linha de base para comparações futuras, especialmente após o recapeamento da BR-319, permitindo avaliar se as mudanças na infraestrutura e no uso da terra vão influenciar o risco e a ocorrência dessas doenças. “Com esses indicadores, poderemos propor estratégias e fortalecer o acesso do SUS a essas comunidades”, destaca. Integração institucional A Fiocruz Amazônia vem atuando para ampliar a integração institucional entre grupos de pesquisa em saúde e meio ambiente na região. Para a vice-diretora de Pesquisa e Inovação da Fiocruz Amazônia, Michele Rocha El Kadri, um diagnóstico organizacional feito entre 2015 e 2016 já apontava a transversalidade dos temas saúde e ambiente nas pesquisas da instituição. “A análise de vários projetos mostrou que saúde e ambiente eram temas conectados, mas essa conexão nem sempre era percebida de forma explícita. Hoje, essa relação é vivida de forma muito concreta”, avalia. Para El Kadri, o estudo sobre o impacto causado pelas mudanças climáticas e a degradação ambiental na saúde é uma das oportunidades de alavancar recursos e dar visibilidade as ações desenvolvidas na Fiocruz no protagonismo da agenda saúde e ambiente na Amazônia. “Temos uma diversidade muito potente de expertise nos nossos laboratórios que vai desde a pesquisa clínica ao diálogo com medicina indígena, ou desde o desenvolvimento de novos testes diagnósticos à educação ambiental com comunidades. Além disso, somos reconhecidos como instituição de formação de pessoas para o SUS. A questão é como converter nosso capital político e científico em ações concretas na agenda da saúde nos territórios amazônicos. Nossa capacidade de influenciar políticas públicas de alimentação, saúde, saneamento, cultura de paz etc. passa necessariamente pela nossa capacidade de trabalhar com as pessoas no território”, avalia. Na Fiocruz Mais na FiocruzFiocruz Amazônia

Repositório Saberes Populares promove construção coletiva de conteúdos digitais e incorpora coleções com cinco favelas do Rio

Por Assessoria de Comunicação da Coordenação de Cooperação Social da Fiocruz * Com informações de Thiago Ferreira, do Repositório Temático Saberes Populares. Publicado em 05/09/2025 No dia 28 de agosto, o Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação em Saúde (CTIC) do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) recebeu o encontro inaugural do Repositório Temático Saberes Populares que reuniu lideranças de favelas da cidade do Rio de Janeiro. A ação é desenvolvida como subprojeto da iniciativa Impulso de Gerações, coordenada pela Cooperação Social da Presidência da Fiocruz. A reunião foi realizada a partir da apresentação e relatos de atuação dos bolsistas do projeto Impulso de Gerações representantes das favelas de Manguinhos, Maré, Cidade de Deus, Rocinha e Rio das Pedras, além de uma representação do site de notícias RioOnWatch, referência na apresentação das perspectivas das favelas sobre transformações urbanas do Rio, que atuará com a produção jornalística sobre os cinco territórios.   O repositório temático é desenvolvido em acesso aberto através do software DSpace, plataforma gratuita e de código aberto utilizada para armazenamento e organização de produção intelectual e conteúdos digitais de pesquisa. O objetivo é tornar o Repositório Saberes Populares um espaço de valorização, preservação e difusão das memórias faveladas, periféricas e de comunidades tradicionais, garantindo que essas narrativas sejam registradas, compartilhadas, ressignificadas e construídas pelas próprias comunidades locais.   Para Monara Barreto, curadora do repositório, moradora do Complexo do Alemão, destacou a importância de registrar e salvaguardar produções periféricas e faveladas que mostram a vida, afetos, ancestralidades e formas de resistência, muitas vezes invisibilizadas pelas estruturas de poder.   “Preservar memória não é apenas guardar documentos, mas reconhecer a potência de vozes, narrativas e vivências que resistem cotidianamente. Muitas das vezes essas produções são invisibilizadas pelas estruturas de poder”.   O bibliotecário Thiago de Oliveira, afirmou que “pensar a memória das favelas, periferias e comunidades tradicionais é pensar em direitos. Muitas das histórias dessas populações foram apagadas pela negação do direito à memória. Realizar uma ação de sistematização, tratamento, armazenamento e preservação desses saberes, de forma colaborativa e a partir de quem os constrói, é urgente e necessário para a promoção da justiça epistêmica”, defendeu. Entre as iniciativas participantes do projeto estão o Museu Sankofa Memória e história da Rocinha; o Museu da Maré; a Agência de Comunicação Independente Lume, localizada em Rio das Pedras; o Jornal Comunitário Fala Manguinhos; o Projeto Flagra, inciativa social de fotografia na Cidade de Deus; o programa de documentação e pesquisa fotográfica do cotidiano das periferias Imagens do Povo, localizado na Maré; o Jornal  Fala Roça, com notícias da Rocinha, o site de notícias RioOnWatch, entre outras.   “Estava ansioso para iniciar o processo de formação e conhecer essa iniciativa de relevância para nós, moradores das favelas e periferias. Sempre fomos tolhidos de nossos direitos à memória e à história por aqueles que estiveram no poder. Este processo abre espaço de troca e de fortalecimento de redes, reconhecendo as memórias como resistência e como direito”, afirmou Antônio Firmino, co-fundador do Museu Sankofa Memória e história da Rocinha. Após o debate, os participantes realizaram uma dinâmica de exposição de objetos, fotografias, escritas e itens importantes preservados com o tempo que possuíam ligação direta com lembranças pessoais dos participantes. A vivência trouxe a dimensão simbólica e pessoal da memória para serem experimentadas.   “Foi um momento emocionante onde pudemos ver e conhecer as histórias por trás dos objetos, como fotografias, roupas, e até alguns inusitados, como um facão, que representava uma memória de família.  Cada pessoa, com sua história e seu objeto, trouxe uma camada única para refletirmos juntos”, relatou Priscila Silva, representante do RioOnWatch.  Impulso de Gerações O subprojeto Repositório Saberes Populares faz parte da meta 1 do projeto “Impulso de Gerações”, que integrao programa Favelas e Periferias pelo Direito à Vida, iniciativa da Coordenação de Cooperação Social da Presidência da Fiocruz com recursos de emenda parlamentar, que tem o objetivo de realizar ações educacionais para promoção de saúde. * Fotos da matéria: Monara Barreto 

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EFA 2030 encerra II Seminário Bianual de Saúde e Ambiente na Fiocruz Bahia  Por Claudio Cordovil – EFA 2030Publicado em 02/09/2025 10:01  A Fiocruz Bahia sediou na última sexta-feira (29/8) a sessão científica “Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030: sinergias entre saúde e clima”, que, conduzida pelo Coordenador da Estratégia Fiocruz Agenda 2030 (EFA 2030), Paulo Gadelha, encerrou  a programação do II Seminário Bianual de Saúde e Ambiente, iniciado na segunda-feira (25/8).  Na abertura de sua fala, Gadelha ressaltou que uma tríade estratégica formou-se para o enfrentamento de crises globais interligadas de um ponto de vista climático, social, econômico e sanitário: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, o Marco de Sendai e o Acordo de Paris. Estes são documentos que, de algum modo, espelham as virtudes do multilateralismo, hoje fragilizadas por movimentos políticos que priorizam agendas nacionalistas, como o slogan ‘Make America Great Again (MAGA). O ex-presidente da Fiocruz explicou que a Fiocruz adotou a Agenda 2030 como eixo estratégico de sua atuação dado o fato de esta priorizar o mote de “não deixar ninguém para trás”, o que pressupõe uma mirada para além das médias estatísticas e a concentração de esforços nas populações mais vulnerabilizadas por doenças, pobreza e desastres climáticos.  O papel da saúde na Agenda 2030 Gadelha ressaltou a centralidade do ODS 3 (Saúde e Bem-Estar) na Agenda 2030, com sua ênfase na cobertura universal de saúde e acesso a vacinas, assistência médica e tratamentos, ressalvando que esta deve ser vista de uma forma holística, na medida em que nela determinantes sociais, ambientais e econômicos da saúde estão interligados. De fato, a relação simbiótica entre a Agenda 2030 e a saúde não lhe passou despercebida, pois a seus olhos se afigura como indicador e condição para o desenvolvimento sustentável. Se a agenda avança, a saúde melhora. Se a saúde retrocede, os ODS ficam comprometidos. Outro ponto abordado foi a relação entre mudanças climáticas e doenças. Gadelha destacou que o aumento da temperatura, os eventos climáticos extremos e a alteração no padrão de doenças causadas por vetores irão exigir adaptações dos sistemas de saúde. A crise climática, a seu ver, deve ser concebida como uma crise de saúde. Crise climática e saúde pública “O aquecimento global é a maior ameaça à saúde humana, e o Acordo de Paris é potencialmente o tratado de saúde mais importante do século XXI” Nas palavras do diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, Gadelha vê uma urgente convocação para a integração das agendas climática, sanitária e de desenvolvimento sustentável.  Com 5% das emissões globais de carbono derivadas do setor saúde, Gadelha vê este como um locus fundamental para estratégias de mitigação. No entanto, não convém se esquecer das estratégias de adaptação: a reorganização dos sistemas de saúde, capacitação de profissionais e desenvolvimento de políticas públicas alinhadas à transição climática. A Fiocruz vem ampliando sua atuação neste campo e já tem pronta a Estratégia Fiocruz Clima e Saúde, bem como planeja a criação de centros especializados como o Centro de Clima e Saúde de Rondônia, já contabilizado como um dos legados do Ministério da Saúde para a COP 30, que acontecerá no mês de novembro em Belém. Desafios globais e o papel do Brasil Mas nem tudo são boas notícias. Gadelha lembrou que 75% das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 estão estagnadas ou em regressão. A dívida externa dos países em desenvolvimento, os impactos da Covid-19 e a falta de indicadores robustos para aferir resultados seriam algumas das razões do fracasso. Mas ainda há que se conservar uma gota de esperança, dado o papel estratégico que o Brasil tem assumido no cenário global ao pautar debates sobre ciência, tecnologia e inovação e revelar liderança no campo da defesa da equidade. É do Brasil, por exemplo, a proposta já reconhecida internacionalmente de incluir, na Agenda 2030, o ODS 18, orientado para o combate ao racismo estrutural. O papel do multilateralismo em tempos de retorno do obscurantismo foi abordado por Gadelha. Ele também criticou o crescimento do negacionismo climático e afirmou que nesse contexto a Fiocruz tem procurado articular ciência, políticas públicas e saberes tradicionais, materializados em iniciativas como o Programa Integrado de Territórios Saudáveis e Sustentáveis (PITSS) e a Vigilância Popular em Saúde, já incorporados pelo Ministério.  Preparação para a COP30 e próximos passos Para o coordenador da EFA 2030, a participação da Fiocruz na preparação da COP30 será um divisor de águas na integração entre saúde e clima. Segundo ele, a instituição neste momento está envolvida em articulações com redes científicas, organizações internacionais e movimentos sociais para colocar a saúde como eixo central nas negociações sobre o clima. Gadelha anunciou também que serão apresentados nos eventos preparatórios e na própria COP 30 a Rede de Saúde e Clima Brasil e o lançamento do Corredor de Tecnologias Sociais, voltado para experiências com comunidades tradicionais na Amazônia. Reveja a apresentação na íntegra aqui.