AMAZÔNIA EM ALERTA: evento debate os impactos da crise climática na saúde pública

Por Por Elenita Araújo / Ebserh
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Ação integrou as mobilizações preparatórias rumo à COP30, com um dia de debates e rodas de conversa entre diferentes esferas do sistema de saúde.

Belém (PA)  A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP30), que será realizada em Belém este ano, será palco de uma grande mobilização global em prol das negociações climáticas. Com o objetivo de inserir a saúde nesse debate, o Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Pará (CHU-UFPA), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), promoveu o seminário “Amazônia em Alerta: Saúde e Clima rumo à COP 30”. A iniciativa reuniu autoridades, pesquisadores, gestores de saúde e representantes da sociedade civil para discutir os impactos da crise climática na região, na última quinta-feira (21), no Hotel Sagres, na capital paraense.

A programação, promovida pelos hospitais universitários João de Barros Barreto (HUJBB) e Bettina Ferro de Souza (HUBFS), que integram o CHU-UFPA, foi aberta ao público e fez parte das mobilizações preparatórias para a COP30. O evento contou com um dia inteiro de debates e rodas de conversa entre diferentes esferas do sistema de saúde. Estiveram presentes representantes da Ebserh, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Ministério da Saúde e Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Para a superintendente do CHU-UFPA, Regina Barroso, é urgente tratar a crise climática também como uma crise sanitária. “O aumento das temperaturas, as enchentes, as secas e os desastres ambientais agravam os problemas de saúde já existentes e podem acarretar o aparecimento de doenças decorrentes das mudanças climáticas. Por isso, os hospitais universitários da Amazônia precisam se preparar para dar respostas rápidas e qualificadas a essas emergências”, afirmou.

Paulo Gadelha durante o evento em Belém

Segundo Paulo Gadelha, doutor em saúde pública e coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 (EFA 2030), a realização do evento é especialmente relevante neste momento que antecede as discussões climáticas. “Esse evento representa algo muito significativo, primeiro porque está acontecendo em Belém, nesse momento decisivo. A Amazônia sofre os impactos mais graves da crise climática, mas é também onde nascem, com vigor, as possibilidades de resistência e de soluções”, destacou.

Gadelha também anunciou a criação do Centro de Clima e Saúde, em Rondônia, uma iniciativa da Fiocruz que será levada como legado para a conferência internacional. Segundo ele, o centro funcionará como uma “âncora importantíssima” para pesquisas, políticas públicas e estratégias de preparação do sistema de saúde para enfrentar os efeitos da emergência climática, beneficiando não apenas a região amazônica, mas todo o Brasil.

A diretora de Gestão de Pessoas da Ebserh, Luciana Viana, que representou o presidente da estatal, Arthur Chioro, também enfatizou a relevância do encontro no contexto da COP30. Para ela, discutir os impactos da emergência climática a partir da saúde, em especial no âmbito dos hospitais universitários, é fundamental para que as instituições se preparem diante das transformações já em curso.

“O evento é extremamente relevante porque traz um recorte para a área da saúde, para os impactos na saúde humana. Os hospitais universitários da Rede Ebserh também devem se posicionar e se preparar para essa mudança”, afirmou.

Luciana lembrou que em sua fala apresentou o esforço da rede na adequação da atenção hospitalar à saúde indígena, mas ressaltou que os desafios vão além, incluindo mudanças no perfil epidemiológico da população e a necessidade de modernização da infraestrutura hospitalar para reduzir os impactos ambientais das operações.

Ela reforçou o compromisso da estatal com as agendas climáticas e ambientais, em parceria com o Ministério da Saúde e em alinhamento às estratégias do Ministério da Educação, ao qual a empresa pública é vinculada.

Política ambiental da Ebserh

A Política Ambiental da Rede Ebserh orienta todas as decisões e ações da estatal, com um forte compromisso com a sustentabilidade. A Estratégia 2024-2028 estabelece 24 objetivos, entre eles o de promover sustentabilidade ambiental e responsabilidade social em Rede, no pilar ESG. Para cumpri-lo, a estatal lançou sua nova Política Ambiental, que define diretrizes para administração, proteção e conservação no âmbito dos hospitais universitários federais.

O documento orienta todas as unidades a atuarem de forma ética e monitorada, incentivando uma cultura sustentável que envolva trabalhadores, usuários, terceirizados e fornecedores. Também prevê ações de formação e educação ambiental, integrando a sustentabilidade ao planejamento e às decisões da Rede Ebserh.