Txai Suruí e Paulo Gadelha reforçam a união de saberes indígenas e científicos em evento sobre a preservação da Amazônia e a luta dos povos tradicionais

Por: Vinicius Ameixa (EFA2030/Fiocruz) A conferência magna realizada recentemente, com a presença de Txai Suruí, ativista indígena e produtora executiva do documentário “O Território”, e Paulo Gadelha, coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030, destacou a importância da integração entre saberes tradicionais e científicos na luta por um futuro mais justo e sustentável. A mesa-redonda foi mediada com entusiasmo, enfatizando a relevância de ambos os palestrantes no cenário global de defesa ambiental e dos direitos dos povos indígenas. O evento começou com uma calorosa recepção aos participantes e ressaltou a importância do filme “O Território”, vencedor do Sundance Festival, como uma peça crucial para a compreensão das lutas enfrentadas pelos povos indígenas da Amazônia. Os mediadores explicaram que o documentário, uma coprodução entre o diretor americano Alex Pritz e as comunidades indígenas, oferece uma visão autêntica sobre a resistência dos povos Uru-Eu-Wau-Wau diante das ameaças ao seu território. O público respondeu de maneira emocionada, aplaudindo de pé ao final da exibição. Em seguida, Paulo Gadelha tomou a palavra para comentar o impacto emocional que o filme causa, especialmente para Txai Suruí, que, apesar de sua participação como produtora executiva, encontra dificuldades em assisti-lo devido à forte representação das dores de seu povo. “É difícil ver as cenas que retratam o genocídio dos Uru-Eu-Wau-Wau, cuja população caiu de milhares para apenas 200 pessoas. O filme escancara a ausência do Estado na proteção dessas comunidades”, afirmou Gadelha. Ele também sublinhou a importância da Amazônia para o futuro do planeta, um ponto central do documentário. Txai Suruí, visivelmente emocionada, agradeceu a presença de todos e destacou que “O Território” é uma iniciativa importante para amplificar as vozes indígenas em um cenário global. “Esse filme é uma maneira de mostrar ao mundo a realidade das nossas lutas, mas sob a nossa perspectiva”, afirmou. A ativista destacou como as tecnologias modernas estão sendo utilizadas para monitorar e proteger o território, combatendo o avanço de garimpos ilegais e queimadas que ameaçam a biodiversidade amazônica. Durante a conferência, o diálogo entre Paulo Gadelha e Txai Suruí explorou as relações entre a ciência acadêmica e a sabedoria indígena. Gadelha, ao abordar o conceito de Antropoceno e suas implicações na crise climática, questionou a dicotomia entre natureza e racionalidade. “Precisamos de uma abordagem que permita o diálogo entre esses conhecimentos, sem que um sobreponha o outro”, sugeriu ele. Txai Suruí concordou e reforçou que, muitas vezes, a ciência tradicional só valoriza o conhecimento indígena quando este é legitimado pela academia, um fato que ela considera problemático. “Muitos saberes científicos foram inspirados por práticas indígenas ancestrais, mas raramente são reconhecidos como tal”, destacou. O diálogo seguiu para a importância da visibilidade internacional das lutas indígenas, especialmente após o histórico discurso de Txai Suruí na ONU. Ela afirmou que a participação dos povos indígenas em conferências internacionais, como a COP, é crucial para trazer à tona as soluções propostas por essas comunidades para crises globais, como a mudança climática. “Precisamos ocupar esses espaços e mostrar que as respostas para muitos dos problemas ambientais que enfrentamos já existem nas práticas dos povos tradicionais”, enfatizou Txai. Paulo Gadelha também perguntou sobre a colaboração entre povos indígenas e outras comunidades tradicionais, como quilombolas e comunidades periféricas. Txai Suruí respondeu que a criação de redes de diálogo entre esses grupos é fundamental para fortalecer a resistência contra a destruição dos territórios. “A juventude indígena está cada vez mais conectada e usando plataformas digitais para compartilhar conhecimento e defender nossos direitos”, disse ela, destacando a importância de unir diferentes lutas em prol da vida e da preservação da biodiversidade. A ativista finalizou sua fala com um apelo urgente à demarcação de terras indígenas e à eleição de representantes indígenas nos âmbitos legislativo e executivo, ressaltando a necessidade de avançar nessa luta para garantir a proteção dos direitos dos povos originários. “Nosso território é nossa vida, e a demarcação é a única forma de protegê-lo”, concluiu Txai. Foto: Gutemberg Brito (VPAAPS/Fiocruz) Destaque a Neidinha Suruí Neidinha Suruí é uma das mais influentes e incansáveis ativistas na defesa dos direitos dos povos indígenas e da preservação da Amazônia. Com décadas de experiência no ativismo, ela se tornou uma referência não apenas por sua coragem e determinação, mas também por sua capacidade de articulação em um cenário político e social adverso. Seu trabalho junto ao povo Uru-Eu-Wau-Wau, um dos mais ameaçados da Amazônia, é emblemático da luta pela sobrevivência cultural e física dos povos originários. Neidinha não apenas atua na linha de frente contra invasões ilegais de terra, desmatamento e garimpo, mas também é uma voz potente que alerta sobre os riscos de genocídio e de perda irreparável da biodiversidade amazônica. No documentário “O Território”, seu papel é essencial para demonstrar a resistência diária que essas comunidades enfrentam, enquanto ela denuncia a falta de apoio do Estado e a impunidade que favorece aqueles que lucram com a destruição da floresta. Durante a conferência magna, Neidinha foi reverenciada por seu trabalho e recebeu aplausos calorosos do público, simbolizando o reconhecimento de sua longa trajetória de lutas. Sua participação no evento foi uma lembrança poderosa de que a luta pelos direitos indígenas e pela proteção ambiental não se faz apenas no campo diplomático ou nas grandes conferências internacionais, mas também no dia a dia, em território ocupado e ameaçado. Neidinha representa a interseção entre ativismo local e repercussão global, usando sua voz para conscientizar o mundo sobre a urgência de preservar a Amazônia e seus povos. Sua dedicação vai além da proteção da terra; ela trabalha pela sobrevivência cultural e pela garantia de um futuro onde a sabedoria ancestral dos povos indígenas seja integrada às soluções para a crise climática global. Foto: Vinicius Ameixa (EFA 2030) O evento foi encerrado com um agradecimento especial de Paulo Gadelha aos organizadores, Edmundo Gallo e Vaguinho, e com um elogio à força e à coragem de Txai Suruí em sua contínua luta pelos direitos indígenas. Ambos os palestrantes foram ovacionados, reforçando a importância do diálogo entre saberes como ferramenta essencial para enfrentar os desafios contemporâneos da crise climática e da defesa dos direitos humanos.

II Seminário de Sustentabilidade COGIC/FIOCRUZ

Cogic convida para II Seminário de Sustentabilidade O seminário contará com atividades diversas, com ou sem inscrição. Confira a programação completa e venha até a Cogic A Coordenação-Geral de Infraestrutura dos Campi (Cogic) convida a comunidade Fiocruz para o II Seminário de Sustentabilidade Cogic/Fiocruz que acontecerá nos dias 25 e 26 de setembro, no estacionamento da Cogic, no campus Manguinhos. A atividade contará com mesas redondas, workshops e feira sustentável com o objetivo principal de promover um ambiente de integração e diálogo, com troca de experiências, apresentação de atividades/projetos e debater soluções possíveis para alcançar um desenvolvimento cada vez mais sustentável. As inscrições para as mesas redondas estão esgotadas, mas temos uma estrutura para recebê-los com diversas atividades livres na feira sustentável, apresentação de filmes e workshops, além de credenciamento nos dias de palestras. Todas as mesas redondas e palestras adicionais serão transmitidas on-line (para assistir de qualquer lugar) e, também, no lounge da feira sustentável. Que tal conferir a programação completa no site do seminário e já deixar agendada uma visita ao nosso espaço? A ação é alinhada com diversos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, relacionados com a Agenda 2030 no Brasil. Esperamos você! Em caso de dúvidas ou mais informações, entre em contato pelo e-mail: sustentabilidade.cogic@fiocruz.br https://www.seminariocogicfiocruz.com.br/

Encontro: A perspectiva brasileira do desafio do oceano e o AIR Centre: construindo uma comunidade centrada no Oceano Atlântico

Ana Paula Blower (Agência Fiocruz de Notícias) A Fiocruz realizará, nesta segunda-feira (16/9), o evento A perspectiva brasileira do desafio dos oceanos e o AIR Center , o Centro Internacional de Pesquisa sobre o Atlântico de Portugal. O encontro ocorrerá de forma híbrida, com transmissão e tradução para o português e inglês, com início às 14h. O encontro presencial será no Auditório do Museu da Vida, no  campus  Manguinhos. https://youtu.be/MtVGrBJFeyc Confira também a transmissão em inglês.  O evento visa fortalecer a colaboração em rede entre instituições atlânticas de pesquisa sobre os ambientes marinho e costeiro, promovendo o diálogo sobre iniciativas, pesquisas e ferramentas que contribuem com a integridade do oceano e com o cuidado com as populações costeiras vulnerabilizadas.  O diálogo buscará destacar as atividades que evidenciam as potencialidades do oceano; aceleram a economia azul equitativa e sustentável; integram a abordagem da saúde única azul; reforçam a conexão entre oceano e o clima na COP 30 da Convenção do Clima; e que contribuem com as recomendações do Ocean 20 ao G20, assegurando o legado da bacia oceânica Atlântica. Evento gratuito, sem necessidade de inscrição prévia.  Serviço:A perspectiva brasileira do desafio dos oceanos e o AIR Centre 16 de setembro de 2024 14h – 17h Auditório do Museu da Vida, Fiocruz, Rio de Janeiro #Agenda2030 #ODS #CiênciaETecnologia #VidaNosOceanos #DesafiosDoMar #ParceriasGlobais #InovaçãoOceanos #vidamarinha

Um marco de articulação para os Povos e Comunidades Tradicionais do Brasil!

Durante o #EITS rolou o Encontro das Câmaras Técnicas do Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais (CNPCT) e da Câmara Temática de Povos e Comunidades Tradicionais da Comissão Nacional dos ODS (CNODS), no Quilombo da Fazenda, em Ubatuba (SP), nesta terça-feira (10). O objetivo foi alinhar agendas e estratégias para a territorialização da Agenda 2030 da ONU no contexto dessas comunidades.  A união dessas duas importantes instâncias fortalece o caminho para um futuro mais sustentável e inclusivo para todos.   @felipe.scapino #Agenda2030 #PovosTradicionais #CNPCT #CNODS #Sustentabilidade #ODS #TerritorioseSaberes https://efa2030fiocruz.org/wp-content/uploads/2024/09/T0D8tzcZYHAGBRJV25wwBqFcohicaE0Jm2nHV04-vimeo.mp4

ESTRATÉGIA FIOCRUZ PARA A AGENDA 2030

A Agenda 2030 se faz no território! É lá que os povos, com seus saberes ancestrais, encontram soluções sustentáveis para desafios locais como saúde, moradia e questões sociais. A Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 (EFA 2030) leva o DNA da Fiocruz para esses territórios, promovendo o bem viver e o diálogo entre ciência, academia e saberes empíricos, garantindo que ninguém fique para trás. https://efa2030fiocruz.org/wp-content/uploads/2024/09/EFA_2030_Final3.mp4

1º Encontro Internacional de Territórios e Saberes (EITS)

Paraty (RJ) sedia, esta semana, o 1º Encontro Internacional de Territórios e Saberes (EITS). Com mais de mil participantes confirmados, representando 22 países dos cinco continentes, o evento ocorre até o dia 15/9 e representa um marco histórico na articulação de saberes científicos e tradicionais para a promoção da saúde e do desenvolvimento sustentável. Realizado em conjunto com a Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030, o EITS é fruto de uma parceria entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Fórum de Comunidades Tradicionais (FCT), o Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina (OTSS), a Universidade Federal Fluminense (UFF), a Universidade Estadual Paulista (UNESP) e o Colégio Pedro II (CPII). Para saber mais, acesse www.territoriosesaberes.org https://efa2030fiocruz.org/wp-content/uploads/2024/09/VID-20240910-WA0008-vimeo.mp4